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segunda-feira, maio 18, 2009

O maluco e o rio.



Eu sou um maluco, que um dia resolveu não embarcar na jangada do conhecimento para encarar as árvores da praça; sou o mesmo maluco que ao invés de seguir a maré segurou-se no braço estendido da incerteza e perguntou o porquê de tudo. Não obtendo respostas das faces direcionadas ao poente, perscrutei minha própria cara na água, procurando alí um minuto de compreenção do que se passava, mas novamente, o jugo terrível do mundo moderado e insensato me derrubou. Dessa vez então, me demorei olhando para o céu, com a barriga fora da água, pensando quando chegaria a cachoeira e o descanso final... então como eles se atrasaram na reunião interminável da teologia moderna, acabei por mergulhar de cabeça no tempo que passava; ví intermináveis conversações sobre Deus e deuses, sobre eu e você, e sobre a vida que, durante essa viajem maluca, não deixou de passar. Mas os rostos cansados ainda encaravam o poente em uma incansável procura pela normalidade, mas eu não, eu queria compreenção, queria dividir, só para saber quanto tinha antes de somar novamente.
Mas a jornada da compreenção não havia terminado, nada de repostas fáceis nem de perguntas diretas cuspidas à cara dos que sabem, não havia uma reta a seguir e acabei perdido no limbo das possibilidades infinitas, me demorando, sem pressa nem afobação, para escolher um caminho a seguir; muitos se seguiram perante os olhos maravilhados que encaravam tudo sem sabedoria por baixo do chapéu, só curiosidade, e eles passavam rápidos, passavam rápidos, até que precisei de óculos para poder enxergar de perto todas as possibilidades, e eram quase infinitas, só quase. Quando finalmente, depois de tanto esforço, decidí por qual caminho seguir, descobri ser pouco capaz de seguí-lo, já era velho demais para andar com minhas próprias pernas, e precisei de mais um par para voltar para o início da história, mais um par para saber que quando a jangada passasse novamente eu, por mais lindas que fossem as árvores ou a refrescante sensação da água abaixo da barriga, eu pularia, não de cabeça, pois ainda sou um curioso, um sonhador, mas me seguraria na mão estendida da sabedoria, para poder reverenciar as árvores e o tempo, com o carinho e o respeito que mereciam desde o começo, mas desta vez, vou deixar meu chapéu na beira do rio, para o caso do sol queimar a cabeça de mais alguém.


R.G. Pfarrius

Um comentário:

Nayara Oliveira disse...

Olá Sr. Rafael, tudo bem??
Fico imensamente feliz porque gostou, meu ego sorri, pois o elogio veio de alguém que tão bem escreve. Não consegui ler todos os posts, mas li os dois últimos. E se eu escrevo bem sobre o cotidiano, vc escreve bem sobre os pensamentos. Escreve pra gente inteligente ler. Eu pareço estar no limbo da mesma forma e a madrugada ainda me faz questionar, deve ser a lua.
Ainda bem que vc me descobriu, porque assim eu descobri vc.
Pena que não aceito as desculpas. Pq só se pode invadir aquilo que é restrito. E aquele pedacinho de mim é público (ainda que eu acredite que não).Portanto, não há o que se desculpar. Fique a vontade pra me criticar, desabafar ou qualquer coisa, e pode deixar que quando eu me sentir tocada eu irei dizer aqui também.
abraços

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