Seja bem vindo, mas não pise na grama

Não espero comentários, mas serão todos bem vindos para falar...

quinta-feira, setembro 18, 2008

Brincava a criança - Fernando Pessoa


Brincava a criança
Brincava a criança
Com um carro de bois.
Sentiu-se brincado
E disse, eu sou dois !

Há um brincar
E há outro a saber,
Um vê-me a brincar
E outro vê-me a ver.

Estou atrás de mim
Mas se volto a cabeça
Não era o que eu qu'ria
A volta só é essa...

O outro menino
Não tem pés nem mãos
Nem é pequenino
Não tem mãe ou irmãos.

E havia comigo
Por trás de onde eu estou,
Mas se volto a cabeça
Já não sei o que sou.

E o tal que eu cá tenho
E sente comigo,
Nem pai, nem padrinho,
Nem corpo ou amigo,

Tem alma cá dentro
'Stá a ver-me sem ver,
E o carro de bois
Começa a parecer.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Frustrante


Sentei em frente ao pc hoje com verdadeira vontade de escrever. Queria, ao ligar o computador, atualizar esse meio de arte que é meu blog, mas... não consegui escrever nada que prestasse. Acreditam?
Claro, eu não sou nenhum Machado de Assis, mas dou minhas canivetadas.
Queria ter a imaginação e a intensidade de Machado ou então quem sabe a força da palavra de Alencar, e aquele campo sagrado de imaginação que é a sua narrativa. Mas, no entanto, minha mente, no momento, está tão seca quanto um deserto infrutífero. Poesias, crônicas, contos... nada. Não sou capaz de uma linha de boa vontade, venham meus dias de primavera, onde soavam fortes e compassadas as badaladas de insanidade que me faziam estremecer e enternecer ao escrever no papel o que meu coração e minha alma mandavam. Venham a mim as meninas dos meus olhos que se cansaram de brincar de esconder atrás de minhas pálpebras insuspeitas.
Queria escrever sobre a noite, o dia, a aurora... os pássaros... mas infelizmente, minha inspiração se foi, e não manda notícias do lugar longinquo onde foi parar...
Queria ser um Machado, para cortar sem medo a gramática e a literatura e fazer luzir minha mente como os raios de uma tempestade...
Mas... ultimamente, a única luz que visualiso é a da tela em branco de um computador...zumbindo, escarnecendo de minha falta de tato, da minha falta de imaginação.


R.G.Pfarrius

terça-feira, setembro 09, 2008

Quanto tempo!


Nossa! Fazia tempos que não aparecia por aqui, não?
Eu sei, na verdade faz um tempinho que ando longe de mim mesmo. Como costumo dizer para os amigos, colegas e familiares, ando meio em "slow motion", quase em "stand-by".
Sabe quando você sente que a terra gira, mas você não acompanha? Pois é exatamente assim que estou me sentindo. Tenho parado muito para observar a minha vida, tudo nos conformes, como deveria ser, e mesmo assim esse sentimento de não-deslocamento.
Me sinto como uma música do Caetano, bem devagar, dedilhada...suave.
Isso que acabo de escrever é pouco, mas é o que meu cérebro consegue processar... quem sabe um up-grade, aumentar a capacidade do hard-drive... uma recauchutada geral no sistema dê jeito no problema, pois ainda não inventaram uma injeção de ânimo que funcione de verdade.
Quanto mais tempo tenho, menos quero andar, e quando pouco tempo tenho, quero chegar lá.
Mas o tempo é inefável.

R.G.Pfarrius
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...